Argumento

O filme começa com um Vectra saindo de São Paulo e descendo a serra em direção a São Vicente. No carro, está Douglas Medeiros. Em meio ao percurso, vemos flashbacks recentes de Medeiros com sua ex eposa. Alice dando palmadas pra ele tirar o pé da mesinha, Medeiros experimentando roupa com o olhar de aprovação de Alice, ela tirando ele de sua leitura para ver novela com ela, discussoes etc.

Foi entrar na cidade e avistou confusão. Curiosos se aglomeravam na entrada de um pequeno mercadinho e uma dupla de policiais tentava contê-los. Medeiros passou reto, dentro do carro: “Hoje não, Medeiros. Você veio aqui de férias. Eles que se virem.”  O sinal fechou e Medeiros parou, balançando a cabeça negativamente e olhando para o retrovisor, onde era possível ver a confusão: “Merda!” Estacionou o carro, fazendo uma manobra brusca, e foi até lá, já avisando que era da polícia. Ouviu que a dona estava sendo mantida como vítima e ignorou os policiais que ali estavam, já entrando no local. Voltou com a refém, que estava em estado de choque. “Lá dentro.”, avisou. No carro, sentiu um cansaço e tontura: “Um moleque. Em outros tempos, eu não teria a menor dificuldade.” Os policiais chegaram com o menino algemado, chamando Medeiros pra ir com eles: “Vamo lá com a gente ganhar um bônus?” Mas Medeiros já ligava o carro. Fez sinal de positivo e saiu dali sem dar muita bola pros policiais.

Na recepção de uma clínica médica, a secretaria se levanta e vem avisar Medeiros que ele já podia entrar, que o doutor o esperava. Nesse momento, ele notou a moça, que tinha um belo corpo. Quando foi fechar a porta, ele percebeu que ela olhou-o de cima a baixo, como quem gostara do que viu. O médico disse que a pressão dele estava alta, pediu exames mais apurados, mas que ele precisava se cuidar mais, passou uma dieta. Na saída, Medeiros abordou Suzana, chamou-a pra sair e ela disse que ele podia ligar pra ela qualquer dia desses.

Saiu dali e foi direto para um bar tomar cerveja e pediu uma porção de torresmos. Jogou a receita médica fora.

Foi para o 113º DP. Chegando lá, deu de cara com uma roda se formando ao redor de Morganti, que exibia sua nova arma. Vendo Medeiros de volta bem antes do previsto, seu parceiro Bellochio, reprovou a presença do amigo: “Você não devia ter voltado agora, partner. Foi um custo tirar essa semana de férias, pô.” “Bellochio tava certo. Mas eu gosto de trabalhar. Eu vim parar aqui no 113º DP, um dos mais violentos da capital, porque eu não me encaixava. Eu atrapalhava os esquemas. E sabe como é: você nunca pode ser o único sóbrio entre os bêbados e nem o único bêbado entre os sóbrios. É uma regra básica. Pra muitos trabalhar aqui é um castigo, mas pra mim é emocionante. A Alice tem razão. Eu não tenho mesmo ambição.”

Doutor Ledesma fez alguma cerimônia arrumando os seus papeis e documentos como quem estava ocupado. Alguns segundos depois, mandou Bellochio e Medeiros irem atender a uma ocorrência na Guarapiranga. O responsável pelas viaturas do DP disse que a única viatura disponível estava com motor fundido. Medeiros foi em seu Vectra junto com Bellochio.

Chegando no local, cumprimentaram Caveirinha e Alemão, que estavam fazendo a perícia do local. Era uma travesti com peruca platinada, jaqueta também platinada e minissaia vermelha deixando paste da bunda de fora. Ela estava desfigurada. Viram uma rosa no início das costas, em cima da bunda. Acharam um farol de carro quebrado e tinham marcas de pneu. Não haviam testemunhas. Caveirinha ficou de fazer uma autópsia e ligaria dando mais informações depois.

Medeiros chegou em casa e sua kitnet na Rua Paim estava uma zona. Roupas espalhadas, meias, sapatos junto com latinhas de cerveja, caixas vazias de pizza, salgados e fast food. “Porra, a Bete não veio de novo.” Ligou para Alice e mentiu que o médico disse que estava tudo bem. Na ligação, Alice comentou, mais uma vez, que a Bete disse das coisas que ele andava fazendo, que ele precisava tomar tipo, parar de sair com qualquer vagabunda, mas dessa vez, falou meio indiferente, sem dar muita moral pra Medeiros, dizendo que tinha compromisso e desligou. Medeiros estranhou, pois era ela quem sempre ficava atrás dele e agora falava daquele jeito como se não importasse. E que compromisso seria esse? Decidiu que não ia pensar nisso.

Foi em pontos de travestis de São Paulo ver se alguém sabia de alguma coisa sobre a morte do travesti. Foi até a Avenida Indianópolis procurar por Barbie, mas ela não estava. No lugar dela, um traveco bem grande, que foi bem hostil com Medeiros. Bateram boca, mas vendo que aquela noite estava perdida, Medeiros decidiu voltar pra casa.

Chegou em casa e tinha um recado na secretária eletrônica: “Alô? É o Medeiros? Você ficou de me ligar. Estou esperando, viu? Beijo.” Tentou ligar de volta, mas ninguém atendeu.

Dia seguinte, foi almoçar na casa de Bellochio. Dona Conceição, sua esposa, tinha feito um banquete. Terminada a refeição, Bellochio abriu um Valpolicella e todos tomaram. Dona Conceição comentou que Alice era uma mulher muito boa, Medeiros não podia tê-la perdido, por conta de suas puladas de cerca e que ficar com a amiga dela foi só a gota d’água. Depois disso, ela falou de uma pretendente pra ele. Foi ela sair e Bellochio comentou que a tal mulher em questão era “um bagulho, mas que a irmã sim era gostosa”. “Pois, porque a Ceição não me apresenta a irmã então?”, disse Medeiros. “Porque ela fala que a irmã é piranha. A outra que é prendada, cozinha bem, cuida bem do marido, tudo que você não quer agora, né?”, respondeu Bellochio. “Tem razão. Nada de compromisso agora. Minha vida tá muito boa, faço tudo que quero, na hora que quero, como eu quero.”

Medeiros acordou e decidiu ligar novamente pra moça que deixou recado na secretária. Atendeu Suzana, a moça do consultório. Fingiu que sabia quem era e chamou-a pra sair. Ela aceitou e ficou combinado um almoço. Depois, enquanto fazia a barba de cueca, entrou, sem nenhuma preocupação, Bete, a diarista. Veio perguntar se Medeiros estava bem, o que deixou ele curioso. “O sinhô não soube, seu Douglas?” “Soube de que? O que houve? O que você tá querendo me contar?” “A Alice, Seu Douglas. Tá namorando um bonitão da polícia. Todo pintoso o moço, loiro, alto, elegante, senhor precisa ver.” Lá de dentro do banheiro, ouviu-se um barulho brusco de um soco e, logo em seguida, um espelho quebrando. Bete perguntou o que tinha acontecido e Medeiros gritou lá de dentro que não era nada, que tinha quebrado o espelho por acidente.

Quando Medeiros chegou no DP, Bellochio veio logo falando com ele. Mansur descobriu que o farol pertencia a uma Mercedes S500 L e, segundo informações do Caveirinha, a travesti tinha tomado um tiro de uma .32. Toparam com Morganti, que estava todo elegante. Bellochio foi brincar com ele a respeito disso e Morganti disse que ia sair com uma gata. Disse isso olhando para Medeiros com ar de provocação. Medeiros começou a ficar desconfiado. “Será? Será que esse merda que tá pegando a Alice? Não pode ser.”

Depois de passar por algumas oficinas de importados sem sucesso, foram em uma que tinha uma bela recepcionista loirinha. Medeiros e Bellochio mostraram suas carteiras funcionais e perguntaram pelo gerente. Foram dar uma olhada nos carros da garagem e o gerente, Wanderlei, confirmou que eles tinham uma S500 L, que pertencia a esposa de Mangabeira, um dos donos da Brazil Invest Incorporadora. A oficina era suspeita, tinha poucos carros e poucos mecânicos. A S500 L estava com farol direito quebrado, mas não acharam os cacos. Na saída, foram falar com a loirinha sobre a dona do carro e ela disse que quem deixou o carro foi Mangabeira e que este, inclusive, a cantou. Já no carro, Bellochio lembrou que Wanderlei era conhecido como Bexiguinha, um passador de carros que andou sumido e agora apareceu nessa oficina, provavelmente, o laranja de alguém.

Dali, foram imediatamente pra mansão do Mangabeira na Granja Viana. Mangabeira não estava, mas sua esposa, uma mulata com um belo corpo, veio falar com eles com roupa de ginástica, dispensando o personal trainer. Ela agiu como se já estivesse esperando pela polícia. Disse, em tom de reclamação, que eles demoraram, que a empregada já devia estar longe com suas joias. Eles explicaram o engano e que estavam ali para tratar com o marido dela a respeito do carro. Sabendo do acontecido, ela ficou puta de raiva, concluindo que o marido quebrara seu carro novo enquanto andava com uma vagabunda. Ligou procurando pelo marido, mas não conseguiu falar com ele. Estava em viagem e só voltaria na semana seguinte. Tiveram que ir embora e ficaram de mandar alguém ver a questão do sumiço das joias.

Em casa, Medeiros estava lendo, até que dormiu no sofá e começou a ter pesadelos. O sonho mostrava Medeiros andando por um matagal, até que ouviu um barulho e atirou. O sonho foi cortado, sem ficar claro se quem tomou o tiro foi Medeirou ou o seu perseguidor. Acordou no sofá muito suado e assustado.

No dia seguinte, no almoço, foi buscar Suzana no consultório. Conversaram sobre seus trabalhos. Ele brincou que tinha matado mais de mil bandidos e ela acreditou, inocentemente. Ela contou que é noiva de Luiz Claudio desde quando tinha 16 anos, mas não gosta dele. Acabaram indo para o motel. Ela, depois de cada transa se punha a falar muito e ele ficava de saco cheio. Mas ela era realmente boa de cama. Quando foi deixa-la em casa, ela fez com que Medeiros prometesse que eles sairiam de novo.

Quando Medeiros chegou no DP, Bellochio estava de saída, pois houve uma chacina em um motel. Decidiu ir junto e chegando lá, descobriram que os mortos eram Wanderlei, o Bexiguinha, e a loirinha da oficina.

Dia seguinte, Medeiros e Bellochio foram até o escritório de Mangabeira no Itaim para interrogá-lo e este foi bastante seguro e frio. Quando perguntado sobre onde estava na noite do dia 8 de março (noite do crime), ele disse não se lembrar, mas pediu a sua secretária que averiguasse. Perguntado também sobre o Wanderlei, ele disse conhecê-lo apenas profissionalmente, pois havia deixado seu carro lá. Contou que tem uma amante e por isso a esposa não podia saber detalhes sobre o carro e, inclusive, passou informações sobre a suposta amante, pedindo discrição. Alguns minutos depois, chega a secretária com canhotos de passagem e reserva de hotel para Nova York na época do crime.

Bellochio e Medeiros saíram desanimados, mas ainda decidiram passar na casa da suposta amante de Mangabeira na Bela Cintra. Cíntia era uma loira com pinta de artista, com belo corpo e lindos olhos azuis. Perguntaram sobre o acidente com a Mercedes e ela confirmou a história de Mangabeira, se referindo a ele como um amigo querido. Eles se olheram, figindo que não sabiam de nada e foram embora. “O jeito é começar tudo da estaca zero.”

Depois de comer muito em uma padoca e tomar cervejas, Medeiros decidiu ir procurar Barbie novamente. Nesse dia, ela tinha reaparecido e fez uma festa quando o viu. Perguntada sobre o travesti que estava anteriormente no ponto dela, Barbie disse que ela estava de férias em Paris e teve que despachar a bicha. Medeiros falou da morte do travesti com peruca platinada e tatuagem de rosa. A Barbie a conhecia. Disse que eram muito amigas e seu nome era Andreza. Não acreditou que ela havia morrido. Ficou bem triste e chorou. Contou que ela tinha um ricaço, que tinha tirado ela da rua, um ex cliente, mas que ela era fechada e nunca dava maiores detalhes de sua vida, mesmo elas sendo muito amigas. Mas na última vez que a viu, ela não estava tão feliz. Estava tendo problemas com o ricaço, que andava a tratando muito mal. Acabou arranjado um amante, que era fotógrafo e queria ficar com ele, mas não podia porque tinha medo do que o ricaço podia fazer. Mas ela comentou de um salve-conduto. Não sabia muito além disso. Despedira-se, pois Barbie precisava ir trabalhar e Medeiros saiu.

No motel com Suzana, ela perguntava insistentemente se ele o amava e ele calado, sorrindo, tentando desviar do assunto. Quando foi deixa-la em casa, ela perguntou com pretensão, há que horas Medeiros a buscaria no dia seguinte. Ele gaguejou, pois não haviam marcado nada pro dia seguinte com ela e deu uma desculpa, que iria ter que trabalhar.

Quando Medeiros chegou no DP pela manhã, todos estavam novamente ao redor de Morganti, que mostrava outra arma. Ledesma mandou Medeiros ir até a Guarapiranga pra atender uma ocorrência. Chegando lá, o Alemão e o Caveirinha estavam novamente a postos. Haviam encontrado um motoqueiro e, perto dele, uma mochila com filmes, fitas, álbuns, uma câmera etc. O Caveirinha informou que a data da morte do homem era mais ou menos na mesma época da morte de Andreza e viram que havia uma marca de tiro. Levaram para analisar qual a pistola e a data apurada da morte. Era possivelmente o amante de Andreza.

Medeiros chegou em casa e tinha recados da Suzana falando de um jeito meloso, querendo saber dele. Medeiros resolveu ignorar. Abriu umas cervejas, foi ler e acabou dormindo de novo no sofá. Teve pesadelos novamente.

No dia seguinte, enquanto tomava banho, Bete entrou com o jeito sem cerimônia de sempre e se pôs a falar a respeito da moça que ligou um dia desses querendo falar com ele e foi super grossa. Medeiros prometeu 100 reais pra Bete, caso a mulher ligasse de novo e ela, Bete, dissesse que era sua namorada. Bete ficou achando feio, por ser mentira, mas acabou aceitando. Dito e feito. Suzana ligou e Bete voltou dizendo que, quando falou que era sua namorada, Suzana a xingou de todos os nomes possíveis. Medeiros deu a Bete o dinheiro.

No DP, Bellochio disse que um cara no bar tinha visto a placa da Mercedes, mas não lembrava dela inteira, só que começava com G e terminava com 06. Caveirinha ligou e disse que o homem da moto havia mesmo morrido no mesmo dia de Andreza e pela mesma pistola .32.

Pra comemorar que as coisas estavam se encaminhando, foram tomar umas em um boteco, mas apareceu confusão. Dois caras apareceram para assaltar o lugar, mas Medeiros e Bellochio conseguiram impedir o assalto. Medeiros apagou depois disso.

Acordou no hospital e ficou em observação quase a semana toda. Teve pesadelos novamente a noite e acordou todo suado, sendo ajudado pela enfermeira, uma loirinha muito simpática.

Quando finalmente voltou pra casa, não havia nenhuma mensagem de Suzana. Tinha dado certo, aparentemente. O apê estava uma bagunça. Tinha mensagem de Bete dizendo “Seu Douglas, num vai dá pra mim vim essa semana trabalhar, caso que eu tenho que ir no médico.” O último recado era de Senhor SIlveria com informações sobre uma Mercedes S500 L de origem duvidosa na Abdalla’s Car. Seu Silveira pediu para permanecer anônimo.

Medeiros foi para a Abdalla’s Car, uma loja na Estados Unidos e fingiu-se, inicialmente de cliente, olhando alguns carros. Perguntou se Abdalla não tinha nenhuma Mercedes. Como ele respondeu negativamente, Medeiros apresentou a carteira funcional e pediu para ver os fundos da loja. Lá encontrou uma S500 L. Tirou fotos e ligou para Caveirinha vir fazer a perícia. O veículo estava sem documentos, com marcas nas laterais e porta malas. Abdalla tentou subornar Medeiros, sugerindo trocar seu Vectra por um carro mais novo, mas Medeiros não cedeu, dizendo ainda que a Mercedes não poderia sair dali e era melhor que o dono não fosse avisado.

Bellochio chegou no DP com novidades. Havia descoberto que a placa era GOV2006 e que pertencia a Sólon Aurichini, Deputado Federal, que iria sair para governador. Por conta disso, decidiram ir até o centro falar com Geraldo, um jornalista político, amigo de Medeiros, que trabalha na Folha de S. Paulo.

Enquanto comia coxinha e falava de boca cheia, Geraldo passou a ficha completa de Solon, dono de fazendas, empresas, que era mesmo corrupto, com vários esquemas, mas nunca nada totalmente comprovado. Geraldo pediu para eles manterem-no informado sobre o que estão investigando e Medeiros prometeu, que quando tivesse mais informações, ele ficaria sabendo.

Foram para a mansão de Sólon no Morumbi. A filha de Sólon, Irene, estava na piscina e não ficou contente com a presença de homens ali na casa. Ainda mais sendo policiais. Perguntou se eles vieram pra falar com seu irmão e Medeiros disse que não, que era com o pai. Finalmente, foram recebidos por Sólon em seu escritório. Sólon, demonstrando arrependimento, disse que havia cometido um erro para acobertar o filho problemático. Contou que o filho Beto sempre teve problemas, que chegou um dia com o carro quebrado, desesperado, dizendo que havia atropelado uma pessoa. Na confusão toda, Beto teve uma overdose de cocaína e foi internado. O garoto vinha dando problemas desde a morte da mãe. Medeiros e Bellochio, achando aquilo muito estranho, pediram para ver o quarto de Beto. Irene viu os policiais mexendo no quarto do irmão e ficou brava, alegando que eles haviam mentido. Sólon não achava a chave do quarto e chamou o segurança para arrombar a porta. Dentro do quarto, drogas, pôsteres e o berloque do colar de Andreza e uma arma .32. Medeiros e Bellochio contaram que o caso era mais grave do que ele pensava, que o filho, na verdade havia matado uma travesti e seu amante. O deputado ficou estarrecido, parecendo não acreditar. Ainda falaram com o segurança antes de irem embora, perguntando o que ele viu naquela noite. Ele disse que tinha bebido e adormeceu. Por conta disso, rolou um embate entre ele e Medeiros.

Acharam a história muito estranha, muito armada, que Sólon entregou o filho muito cedo e havia algo obscuro naquilo tudo. Medeiros foi comer no bar perto de casa, tomou umas cervejas e decidiu subir com uma puta em um motel por ali. Não estava no clima. Foi a moça tirar a roupa e ele ver que ela era bem mais ou menos, ele deu 50 reais a ela e dispensou a moça.

No dia seguinte, passou em casa e Bete estava vendo TV, alegando que também era “filha de Deus”. Tinha recado de Irene, filha de Sólon, pedindo pra ele ligar, pois tinha algo importante a dizer.

Medeiros foi até o hospital Sírio Libanês, onde estava Beto, e concluiu que aquele garoto não havia cometido o crime. Era muito franzino para carregar a moto, o travesti e o amante, a não ser que tivesse um cúmplice.

No DP, Ledesma disse pra eles apresentarem logo o relatório, encerrando o caso. Medeiros afirmou que ainda não tinham um veredicto, mas Ledesma apresentou que Beto se envolveu em um acidente com um travesti junto com 2 amigos, Eduardo Moreira Teles e Décio Mansur, há alguns meses. Era muito provavelmente o assassino. Bellochio e Medeiros ficaram insatisfeitos, mas prometeram terminar o relatório. “Ótimo. Estimo.”, respondeu Ledesma. Medeiros ligou pra Irene e marcou de se encontrar com ela naquele dia mesmo a noite. Iria pegá-la em casa.

Decidiu chegar antes e subir pra falar com Sólon. Foi mal encarado pelo segurança Roberval, mas entrou. Sólon já não tinha mais a mesma receptividade de antes. Medeiros começou a afirmar coisas a respeito do caso e perguntou se ele conhecia os amigos de Beto Eduardo e Décio. Sólon disse que não conhecia, mas Medeiros insistiu com suas afirmações e Sólon ficou puto da vida, proibindo, a partir daquele momento, Medeiros de entrar ali. “Veremos!”, desafiou Medeiros. Com isso, Sólon ficou ainda mais irado e pediu que Roberval enxotasse Medeiros dali. O segurança era um armário e tinha ganhado imunidade. Medeiros decidiu atacar, dando em Roberval um chute no joelho e depois uma cotovelada na costela, deixando o grandalhão no chão. Saiu dali com xingamentos de Sólon. “Da próxima vez, vê se contrata um segurança melhor.” Ali de fora, viu uma ambulância chegar e, logo em seguida, Irene chegar em um Audi. Vendo ela chegar, ligou pra ela e disse que estava esperando ali fora.

Em um bar perto da Praça Panamericana, Irene se divertia com o ocorrido, da surra que ele deu em Roberval e do enfrentamento do pai. Ela contou que não tinha como o irmão ter cometido o crime aquela noite e que ele possuía um álibi. Estava no motel naquela noite com ela. Chocado com a história, ele perguntou se ela tinha uma prova disso. Se alguém viu, se ele pagou com cartão de crédito. Como a resposta foi negativa, ele disse que, no caso, o álibi não valia juridicamente então. Ela explicou que o irmão era muito infeliz, que ela era infeliz e os 2 se uniram. Contou que naquela noite, ela pretendia terminar com ele. Mas ele ficou bravo com a situação e pediu para ela descer do carro, deixando-a sozinha, a pé, na Avenida Morumbi. Mas que ele estava de Audi e não na Mercedes. Ela queria acreditar que deveria haver um jeito de provar isso. Por fim, disse que estava atrasada para um dentista. Não tinham visto o tempo passar e perdeu a hora. Despediu-se de Medeiros, dizendo pra ele ligar pra ela outro dia e pegou um taxi. Ele ficou mexido com a garota.

No dia seguinte, Medeiros chegou ao DP e viu Morganti com olhar de satisfeito e Bellochio estava com cara de desapontado. “O mala quer te ver.” Quando entrou, dessa vez, Ledesma não fez cerimônia. Disse que Medeiros estava fora do caso e que podia até ser suspenso por invadir propriedade privada sem autorização e ainda agredir o segurança. Havia passado a investigação para Morganti, que iria pegar últimos detalhes e entregar o relatório. “Mas por que o Morganti?”, perguntou Medeiros, puto. “Porque eu quero, porra. Alguma objeção?”, respondeu Ledesma. Saiu dali sem dizer nada.

Foi contar pra Bellochio que o Morganti agora estava no caso. “Porra, o tamanduá de merda? Tá na cara que vai terminar em pizza esse caso.”, disse Bellochio. Morganti pareceu ouvir. Medeiros, puto com a situação, decidiu antecipar o almoço. Chamou Bellochio para ir junto. No bar, já pediu doses de cachaça e cerveja. Algum tempo depois, Morganti chegou ali na mesa falando para Bellochio chamar ele de tamanduá agora. Provocou Medeiros, dizendo que ele só tinha feito cagada, assim como fazia com a esposa dele, no caso e por isso Ledesma tinha tirado ele do caso e não adiana ficar bravinho agora, porque tinha perdido o caso. Medeiros ficou muito puto e deu-lhe um soco no nariz. E os 2 foram brigar, mas foram seguros por companheiros da polícia. “Filho da puta. Como sua mulher, seu corno.” Ouvindo isso, Medeiros acertou outro soco em Morganti, que foi ao chão com a cara ensanguentada. A turma do “deixa disso” reforçou o aparte da briga. “Corno de merda. Tem volta.”, ameaçou Morganti.

Medeiros voltou pra casa e ficou sozinho pensando na merda toda que havia se tornado sua vida. Começou a ler e ouvir Nina Simone. Apagou. Teve pesadelos outra vez. O sonho mostrava Bellochio e Medeiros comiam em uma lanchonete e 2 garotos vieram assaltar o lugar. A dupla declarou ser da polícia e houve troca de tiros. Bellochio acertou um que estava mais longe e eles perseguiram os outros 2. Na confusão, enquanto andava em um matagal perseguindo um deles, ouviu que Bellochio havia prendido o outro. Restava apenas um. Sentindo a aproximação de alguém, Medeiros atirou e acertou na barriga do garoto. Ouvindo o tiro, Bellochio apareceu ali e fez cara de reprovação ao ver o garoto ferido. Acabou morrendo, o que deixou Medeiros se sentindo bastante culpado. Bellochio foi complacente e disse que aquilo acontecia, que foi legítima defesa. Nesse dia, Medeiros chegou em casa correndo e vomitou muito. Acordo e ligou para Geraldo para ir encontrar-se com ele.

Entre uma coxinha e outra, Geraldo contava que Sólon tinha fama de mulherengo, tinha pegado várias beldades, até uma miss e uma atriz da Globo. Nunca descobriram nada sobre viadagem a respeito dele, mas nada impedia que seja verdade. Medeiros pediu segredo ,até que ele tivesse certeza daquilo tudo. Saiu e, quando estava no carro, Bellochio ligou, avisando que Medeiros estava mesmo suspenso, mas que havia ligado pra convidar ele pro aniversário do filho Júnior em São Vicente no sábado e pediu pra ele buscar o garoto na competição de judô, já que ele iria descer mais cedo pra arrumar as coisas. Medeiros, prontamente, topou.

Medeiros, em casa, mais uma vez se sentindo só, pensava em Irene, mas tinha receio de ligar pra ela, por ela ser rica e filha de quem é. O telefone tocou 2 vezes, mas ninguém disse nada. Da terceira, Medeiros atendeu e era Alice puta de raiva, dizendo que Medeiros era um escroto por ter batido no Morganti daquele jeito, afirmando que ele havia feito isso por vingança. Quando ela desligou, ele começou a rir, gargalhar, riu até chorar.

No dia seguinte, Medeiros foi deixar o Vectra para revisão na oficina do Cabeção. Comentou que precisava do carro pra sábado, porque ia descer pro litoral. O Cabeção comentou que Fininho disse a mesma coisa. Deixou a Saveiro dele “nos trinques”, porque tinha um serviço pra fazer no fim-de-semana no litoral.

Medeiros estava em casa tomando banho, quando Irene ligou. Ele saiu, assim como estava, para atender. Era Irene. Perguntou porque ele não ligou e ele disse que pensou em ligar, mas ficou meio sem jeito. Marcaram encontro no mesmo bar em frente à Praça Panamericana.

A noite, Medeiros desceu do taxi e Irene já estava bebendo um drink. “Eu acho que é melhor a gente não se ver mais.”, disse Medeiros. “Calma, senta aí, você acabou de chegar. Toma um drink.”, disse Irene. “Você é foda.” “Sou. E você quer enganar quem com esse papinho? Tá na sua cara que você tá louquinho pra me pegar.” O clima acabou esquentando entre eles e Irene acabou tomando a iniciativa. Foram parar no motel, transaram com paixão, até que Irene adormeceu.

No dia seguinte, Medeiros foi assistir à competição de judô de Júnior. O moleque havia ganhado e estava orgulhoso no pódio. “Você viu, tio?”, perguntou o garoto. “Ô, se vi. Parabéns, moleque.”, respondeu Medeiros. E no caminho para a praia, Medeiros deu o seu presente para Júnior: uma revista Playboy e uma Sexy. O moleque ficou vidrado vendo as fotos: “Caramba, olha o tamanho dos peitos dessa mulher, tio.” “Já vi que hoje você vai pentear o rabo do macaco o dia inteiro, hein?” E nesse momento de descontração, Medeiros observou que um carro estava seguindo-o insistentemente. Era uma Saveiro. Pediu pro Júnior ligar pro seu pai e dizer pra ele vir até ali. “Até aqui onde, tio?” “Quilômetro 56.” Quando a perseguição foi confirmada, Medeiros atirou, acertando o pneu da Saveiro, fazendo esta rodar e colidir com o guard-rail. Medeiros foi até onde estava a Saveiro e viu um homem tentando se libertar do cinto de segurança. Do outro lado, jogado fora, estava o motorista. Viu que era o Fininho, o cara que o Cabeção havia comentado. Ficou tentando tirar informações do sobrevivente, mas ele não colaborava. Algum tempo depois, chegou Bellochio puto de raiva, pegou o cara, enforcando-o com o cinto. Percebendo que o homem estava esperando a PM chegar ali e não falar nada, ameaçaram-no de morte. Ele acabou entregando que se chamava Pitu e estava ali a mando de Morganti.

Quando Medeiros chegou em casa, viu que tinha recado da Barbie. Ela dizia que achava que tinha descoberto o endereço de Andreza. A noite, Medeiros foi ao encontro de Barbie e ela mostrou uma carta que Andreza tinha manado, dizendo que se algo ruim acontecesse, era para ela vender a joia que tinha no envelope e entregar para a mãe que mora em Americana. Barbie entregou o dinheiro e o endereço a Medeiros.

No caminho de Medeiros para Americana, Geraldo ligou e disse que tinha um investigador que não saía da casa do deputado. Pela descrição, Medeiros concluiu que era Morganti. Geraldo disse também para Medeiros tomar cuidado, porque ficou sabendo que tem vários caras querendo pegar ele.

Foi até o endereço em questão, em Americana, e uma mulher atendeu. Medeiros disse que vinha em nome do filho dela. A mulher chamou alguém lá no fundo: “Dona Maria, tem um rapaz aqui, que disse que veio em nome do André.” E Medeiros entrou, entregou a grana pra senhora e disse que o filho dela era uma artista. Ela começou a contar que André sofreu muito desde pequeno, porque era diferente, aí o pessoal da cidade falava dele, até que ele decidiu ir embora. Enquanto ela ia buscar o álbum de fotografias do filho, Medeiros mexeu por ali e viu algumas cartas de André/Andreza. Memorizou o endereço dele de São Paulo: “Rua Mario Rocco, 280”. Maria mostrou fotos do filho, um moço bem bonito, de olhos azuis. Medeiros despediu-se dela, desejando um bom dia e saiu sem contar da morte de Andreza.

Já em São Paulo, Medeiros ligou ansioso para o DP, pra tentar falar com Bellochio. Ele não estava, então deixou o recado pra que ele fosse para a Mario Rocco, 280. Haviam recados de Irene no celular, mas ele ficou de ligar depois, pois estava bem pilhado.

A casa de Andreza era bem arrumada. Tinha carro na garagem e tudo de primeira. Fuçando no quarto dela, viu que o teto tinha um espelho e notou um compartimento ao lado, com fundo falseado. Subiu e viu que tinha uma câmera com algumas fitas. Colocou pra rolar a fita e viu que um homem usava roupas de masoquismo, descia e chupava um travesti. O homem era o deputado Sólon. Era provavelmente o “salvo-conduto” que Barbie falou. Naquele momento, Morganti chegou ali com Bellochio, apontando uma arma para ele. Bellochio pedia desculpas, dizendo que aquela situação era culpa dele. Morganti ficou feliz com a descoberta de Medeiros, afirmando poder ganhar uma nota, vendendo a fita pra o deputado. Atirou na barriga de Bellochio, que caiu. Começou a falar como iria incriminar Medeiros por atirar em seu parceiro Bellochio e ser o verdadeiro assassino do travesti e seu amante. Ameaçou atirar no joelho de Medeiros. No apse de sua ganância, Bellochio deu-lhe um chute, mesmo caído, e Medeiros aproveitou o momento para atacar Morganti. Brigaram no chão e Medeiros conseguiu jogar a arma de Morganti pra longe. Por fim, brigando pela arma, Medeiros acertou um tiro no joelho de Morganti. Pegou a fita e saiu dali levando Bellochio.

Do hospital, enquanto esperava por notícias de Bellochio junto com Dona Conceição e os 2 filhos, Medeiros ligou para Irene. Ela estava apreensiva, porque não teve notícias dele. Disse que estava bem, mas que Bellochio havia sido atingido. Pediu pra ela ir para o apartamento dele na Paim e desligou. Algum tempo depois, o médico apareceu e disse que Bellochio iria ficar bem. Os 4 se abraçaram aliviados.

Medeiros chegou em seu apartamento e Irene estava lá. Ficou preocupada, quando viu que ele estava ferido. Ela pegou curativos, deu-lhe comida e foram para cama. Fizeram amor e eles acabaram dizendo que se amavam. Feito isso, ela disse que nunca havia sentido aquilo e confessou que havia sofrido abuso do pai.

No dia seguinte, Medeiros foi ao DP e teve longa conversa com Ledesma e outros 2 delegados. Eles encerraram as perguntas com jeito de que não queriam se meter em confusão, que o caso era complicado. Medeiros ligou para Geraldo e falou da fita. Pediu pra ele prometer que publicaria tudo o mais rápido possível, custe o que custar.

Medeiros foi até a casa do deputado e se passou por Morganti para o novo segurança. Quando viu o mordomo, que vinha anunciar que Sólon estava à espera de Morganti, deu-lhe um “calaboca” e entrou no escritório. Sólon ficou puto com sua presença, mas Medeiros pôs-se a falar de todo o caso que havia descoberto. Sólon, obviamente negou tudo, disse que Medeiros daria um bom escritor de livros policiais. Perguntou da Rua Mario Rocco, 280 e mostrou-lhe a fita. O deputado assistiu ao conteúdo desta paralisado e tentou subornar Medeiros, retirando todo o dinheiro que tinha ali no cofre. Medeiros disse que não se vendia e pegou a fita. Nesse momento, Irene entrou no escritório e percebeu a situação. Sólon pegou a arma e ameaçou atirar se Medeiros não entregasse a fita. Medeiros blefou e disse que tinha uma cópia, o que deixou Sólon ainda mais irado, atirando em direção a Medeiros. Mas ele errou o tiro e acertou a própria filha, que caiu na hora. Medeiros correu em direção de Irene desesperado, tentando despertá-la. Ela estava morta. Do outro lado da sala, estava o deputado paralisado, se debatendo no chão. Medeiros ergueu-o pelo colarinho e deu-lhe um soco bem forte, apagando-o.

A reportagem escrita por Geraldo foi uma bomba. Pegou muita gente de surpresa e foi muito polêmica. No DP, o clima era de celebração. Chamaram Medeiros na sala de Ledesma e um homem afirmava que assim que ele tivesse recuperado, ele era o investigador que ele precisava. Ledesma falava de Medeiros com orgulho. Bellochio e Medeiros perceberam que aquilo tudo fedia. Saíram dali à francesa, quando descobriram que aquilo fazia parte do lançamento da candidatura de Ledesma a vereador. Dona Conceição comentou que havia deixado o pernil assando.

De casa, da sua solitária kitnet, Medeiros ouvia Nina Sim one em sua cama. Fechava os olhos. Nesse momento, chega Irene, semi nua, dando-lhe um beijo na testa e descendo.